sábado, 14 de agosto de 2010

Sexta-feira 13

"E de repente me deu uma vontade de sair correndo da sala. Meus olhos ardiam e a visão deixou de ficar nítida do nada. E eu obedeci minha vontade. Juntei minhas coisas, coloquei minha mochila nas costas e a bolsa no ombro deixando que minhas pernas me levassem. E assim aconteceu, eu corria muito mais rápido do que poderia imaginar. Ainda não sei como descrever a sensação, mas alguma coisa em mim me implorava para que eu obedecesse essa sensação e saciasse essa vontade. E eu cumpri essa ordem. Minhas pernas tinham vontade própria e sem que eu pudesse controlar elas corriam cada vez mais rápido. Meus olhos lacrimejavam (ou eu chorava, não sei) e a respiração tornou-se ofegante.

A minha esperança era encontrar um ônibus que partisse do estacionamento naquele momento, mas logo findou-se com a negativa do motorista.

Ainda não satisfeita com todo o percurso, minhas pernas queriam mais. E eu, novamente, as obedeci e me pus a correr mais rápido do que antes, com os olhos lacrimejando mais intensamente do que antes (mas desta vez eu estava chorando), sentia meu coração tão maior do que a capacidade de sustentação do meu peito e, caso eu me recusasse a obedecer meu 'ser interior' eu teria um treco.

Eu sabia que não era justo comigo não ceder a esta vontade, afinal de contas a noite passada e o dia de hoje foram intensos e dolorosos, compostos por raiva, arrependimento e muitas lágrimas. O silêncio do lado de lá me castigou duramente todo esse tempo e, apesar de triste, me senti estranha não encontrando até o momento as palavras certas para tal descrição. Chorei incontáveis vezes durante o dia, mas respeitei meu silêncio, o momento e o silêncio alheio. Conversei com a minha "voz interior", trocamos pontos de vista e opiniões e me senti reconfortada, acolhida por saber que ela, mesmo sem saber ao certo o que aconteceu, me abriu os braços e, mesmo distante, me deu colo. Ela sempre aparece quando eu mais preciso.

Agora, já dentro do ônibus e menos agitada, tendo escrever estas palavras, mas com bastante dificuldade em virtude do balanço que o ônibus faz. Minhas pernas se recuperam e se preparam para mais um longo caminho frenético até meu destino. Minha cabeça, assim como as pernas, estão aceleradas e passa por ela momentos, palavras, gestos e lembranças que (de repente) eu não queria que tivesse acontecido. O telefone já esta em punho, e a respiração ofegante está tentando voltar ao normal. Preciso diminuir o ritmo, ou meu coração sairá pela boca.

Meu destino se aproxima, já estou na esquina e posso avistar as luzes, carros e, ficando cada vez mais perto, posso ouvir as vozes e perceber os movimentos. Parei na frente da porta e ouvi o celular, la dentro, tocar e a chamada ser rejeita. A mensagem remetida por mim, ser ignorada. Convicta de que as coisas não podiam ficar do jeito que estavam, nem simplesmente serem deixadas para depois, eu toquei a campanhia e entrei: é aqui e agora que as coisas serão decididas."


** Esta história conta o dia de ontem, sexta-feira 13 de agosto de 2010, o mês do cachorro louco

** Estas palavras, por incrível que pareça, foram escritas no real movimento do ônibus, e elaboradas, tomando forma em minha mente enquanto eu corria. O resultados ou o final dessa história ainda não se concretizaram, mas assim que este se concretizar, eu termino de contar se achar que devo.

Um comentário:

Fala garoto, fala garota. disse...

aiiiiiiiiiii é o mês do cachorro louco, como pude deletar essa informação fundamental na minha vida?! TOOOODA A DIFERENÇA.