quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Não precisa ser para sempre, mas precisa ser até o fim

Certa vez em que eu vagava a refletir sobre as causas de algumas escolhas e as conseqüências de outras, me dei por conta que as escolhas que fiz e o rumo que dei a minha vida são resulados das escolhas de outras pessoas que, sem razão lógica ou motivos convincentes - pelo menos pra mim - me levaram a sofrer "metamorfoses ambulantes" na qual eu espero pelo próximo passo.
Mas após tantas evoluções, perdida em meio ao Fratello - lancheria da Unisinos - nos meus 'devaneios lógicos' recordei-me de uma carta que minha mãe me escreveu - na verdade uma mensagem - visando incentivar-me frente a uma fase complicada onde me acovardava, desistia das minhas ambições em função de decisões tomadas por terceiros que pouco se importavam com a minha real saúde de espirito - caso você não tenha notado isso é porque fisicamente estava bem, mas aqueles que realmente me conhecem, ao me verem sorrindo, não sorriram comigo, mas me deram o ombro para que eu pudesse chorar - , são palavras por alguns já conhecidas, mas não se aplica apenas aos males do coração, mas aos males daqueles que não vão até o fim e se acovardam frente ao primeiro obstáculo.

Bom, lá vai...

" 'Para sempre', em minha opinião, é nada mais nada menos que um dia depois do outro. Ou seja, é construção. Em principio não existe. Mas basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o 'para sempre'.
O que quero dizer é que o 'sempre' não é magia nem tampouco um tempo que pré-exista. Ele é conseqüência. Nada mais que conseqüência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto.
Quanto ao amor, tem gente que acredita que só é de verdade se durar 'até que a morte os separe'. Outras, como o grande Vinícius de Moraes poetizou, apostam no 'que seja eterno enquanto dure'.
Eu, neste caso, admiro a coragem de quem vai até o fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que seu coração pede até que todas as chamas se apaguem. Mais do que isso: até que as brasas esfriem e - depois de todas as tentativas - nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.
Claro que não estou defendendo a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está escrito no comovente 'Quase', de Sarah Westphal (muitas vezes atribuido a Luiz Fernando Veríssimo):
'...Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. Um romance cujo fim é instântaneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar...'
Porque de corações partidos por causa de um amor vivido pela metade as ruas estão cheias. Assim como de almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a se questionar o que mais poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não fugisse tão furtivamente, tão covardemente, tão sordidamente.
Então, questione-se: o coração ainda acelera quando o outro se aproxima? O peito ainda dói de saudade? O desejo ainda grita, perturbando o silêncio da noite? Não chegou ao fim! Não acabou.
Sei que, em alguns casos, motivos de força maior impedem um amor de ser vivido (e dái a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente justifique o lamentável desfecho.
O outro não quer? Desisitiu? Acovardou-se? Ok! Por mais imbecil que seja, é um direito dele. Esteja certo de que você fez o que estava ao seu alcance e depois...bem, depois recolha-se e pondere: 'pros amores impossíveis tempo.'
Tempo em que você terminará descobrindo que a vida tem seu jeito misterioso de fazer o amor acontecer, mas que - no final das contas - feliz mesmo é quem, apesar de tudo, tem coragem de ir até o fim!"

Um comentário:

Reka! disse...

UUUUIIIII
Lindo texto!!!!
Bjo gataaaammmm
"Chefa"