domingo, 24 de abril de 2011

A nossa existência é um eterno ciclo de repetições, um vai e vem de fatos recorrentes e decorrentes dos mesmos erros e dos mesmos atos. E é pra me acostumar com a ideia de que os fatos se repetem de tempos em tempos (sendo que o intervalo entre uma repetição e outras, muitas vezes, é curto) é que ainda me encontro sob "observação" por tempo indeterminado.
O que eu pretendo dizer (mais uma vez) é o seguinte: Não importa o quão importante alguém seja pra ti, mais cedo ou mais tarde essa pessoa (sempre) irá lhe decepcionar, e você terá de perdoá-la por isso. E a minha pergunta é: existe algum limite no que refere-se a quantidade de vezes que alguém 'pode' nos magoar/chatear? E será mesmo que, todas as vezes que isso acontecer, eu tenho que relevar/perdoar?! Será que as pessoas tem 'vida social útil, no sentido de que eu (personagem ilustrativo) 'sou boa' para alguém, enquanto eu servir para alguma coisa que beneficie um terceiro?! E ai quando eu não tiver mais serventia, me deixa de canto como um brinquedo velho e, quando não tem mais 'com o que brincar' (entenda-se não tem mais para onde correr) resgata àquele brinquedo velho e volta a utilizá-lo?!
Com base nas diferença que temos, envolvendo àqueles de quem gostamos e àqueles de quem não gostamos, li uma crônica do Luis Fernando Veríssimo na Zero de Hora de hoje, intitulada de "O formato do umbigo" que resolvi compartilhar aqui. Segue abaixo:


"Aquela 'pasta' curta e oca que os italianos chamam de 'pene' tem este nome porque lembra o pênis, mas não deve ser verdade que a inspiração para o nome veio do pinto pequeno do Davi de Michelangelo. Os mesmos italianos dizem que os "tortellini" têm o formato do umbigo de Vênus, mas este parâmetro, como o pinto de Davi, também não é universal, felizmente. A variedade de umbigos - côncavos, convexos, redondos, alongados,etc. - é, mesmo, uma das coisas que nos diferenciam um dos outros.
***
Muitas coisas nos unem. Somos todos bípedes mamíferos. Todos os nossos antepassados, sem exceção, eram férteis. Todos sobreviveram até no mínimo a puberdade e todos tiveram ao menos uma relação sexual, digamos, convencional e procriaram. Somos portadores de uma linha ininterrupta de DNAs triunfantes, portanto, e esta ascendência idêntica nos permite não só um sentimento de família como um certo orgulho do que contamos como espécie. A Natureza e os germes tem feito o possível para interromper nossa linhagem, mas perseveramos e prevalecemos. Pelo menos até agora.
(...)
O formato do umbigo é uma das pequenas coisas que determinam se somos minoria ou maioria na nossa própria espécie. Podemos pertencer a categorias dominantes ou a pequenas dissidências, sem nunca saber. Quantos homens botam a mão na cintura quando fazem xixi? Ou uma mão na cintura enquanto a outra garanta a pontaria? Somos multidões ou uma confraria que não se conhece? É mais comum abotoar a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima? E comer a casca do queijo? Ou gostar de bife de fígado? Você pode se achar meio esquisito sem suspeitar que a maioria das pessoas tem a mesma esquisitice, ou achar perfeitamente normal mastigar a gravata e não entender a estranheza dos outros. O importante é, minoria ou maioria, nunca perder a consciência de que somos todos descendentes da mesma linhagem, a dos que venceram tudo que conspirava contra sua reputação. E temos os umbigos para provar"

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